Neste 15 de novembro recorda-se o 122º aniversário do feito realizado pelo marechal alagoano no Largo da Santana, na capital do Império do Brasil.
Teria Deodoro proclamado a república ou apenas consumado um golpe de Estado? Não sendo historiador não teria autoridade para firmar de modo peremptório que de fato nada mais do que um golpe de Estado teria ocorrido.
Caminhando entre os pobres das periferias metropolitanas, em meu longo pastoreio, e participando do Movimento Nacional Constituinte, após a derrocada da ditadura implantada pelo Golpe de Estado de 1964, muitas coisas fui aprendendo sobre as transas, manhas e artimanhas da política brasileira.
Muito aprendi também como agente público de segurança alimentar e nutricional sustentável em 1993-1994 e de 1999 até o presente. Sem esquecer que por quatro anos fui promotor de nutrição do Comitê Permanente de Nutrição da ONU (SCN-UN)
Muito aprendi também como agente público de segurança alimentar e nutricional sustentável em 1993-1994 e de 1999 até o presente. Sem esquecer que por quatro anos fui promotor de nutrição do Comitê Permanente de Nutrição da ONU (SCN-UN)
Por razões de justiça e gratidão, devo recordar, outrossim, as sessões de análise de conjuntura do IBASE, a convite de Betinho, como preciosa introdução à compreensão do Estado Brasileiro com seus objetivos e amarras.
A formação do Estado Brasileiro não é fruto de um pacto social e político de clãs e tribos que se aglutinam em Nação ao longo de um processo histórico que culmina com a constituição do Estado e escolha de governantes visando o bem comum.
O Estado Brasileiro desde o século XVI foi criado e mantido por uma elite, não mais de 25 % de toda a população, comprometida e envolvida pelo emaranhado das relações econômicas internacionais, ora denominadas globalizadas e globalizantes.
O Estado Brasileiro pode ser comparado a um luxuoso supersônico com apenas vinte e cinco lugares. Setenta e cinco por cento dos povos do Brasil não têm assento neste engenhoso assombro. A burocracia, elaborada e complexa, impede o exercício pleno da cidadania para essa imensa maioria, mesmo tendo conseguido conquistas incorporadas à estrutura do Estado, tais como alguns ministérios e secretarias especiais. O Estado brasileiro é esquizofrênico, bem como seus governos.
Na Terra da Santa Cruz, como Colônia, Província, Império, República Nova ou Velha, Estado Novo ou Ditadura, permanece sempre o mesmo Estado controlado por elites insaciáveis, insensíveis, insensatas e insanas, comprometidas com modelos econômicos e projetos de desenvolvimento que sempre lhes trouxeram benefícios e lucros em detrimento das populações do mesmo território e do saque das riquezas naturais e graves danos ao meio ambiente.
Assim como os males da fome atingem o espírito, a estrutura mental e as relações sociais; a opulência, gerada pela ganância, embota o espírito, angustia a alma e causa muitas doenças, sendo a demência a mais grave delas!
Ao escrever esta reflexão recordo o memorável discurso de Frei Caneca, na Câmara Municipal de Olinda, devolvendo a Dom Pedro I a sua "Constituição outorgada". Aprendi com Frei Caneca que a Nação cria e estrutura o Estado para garantir o bem comum. Pela mesma razão, a Nação elege seus servidores, jamais senhores ou senhoras.
Junto aos mangues do Recife, Josué de Castro, outro notável pernambucano e grande profeta, formulou a Geografia da Fome, sua gênese e seus males. Nos alagados da Baixada Fluminense, depois de noviciado ao lado de Dom Paulo Evaristo na Paulicéia, fiz a síntese entre Fé e Política, ou seja, libertar-se da escravidão e viver a cidadania. A mesma santa e justa indignação brilha nos olhos desses profetas e mestres da vida com dignidade e liberdade.
Retornando do 5º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, ousaria propor que boa empreitada para o próximo congresso seria a leitura crítica de nossa história para fazer justiça aos índios e negros, em primeiro lugar, mas também aos homens e mulheres que clamaram por vida com justiça, dignidade e liberdade ao longo de cinco séculos.
Como foi anunciado, em Belém do Pará, estuário da Amazônia, em 2013, estará congregado o 6º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. A inquietação latente no seio das universidades poderá aflorar e se transformar na PROFECIA DE BELÉM.
A profecia é resultante da inquietude e indignação que brotam da leitura crítica da realidade. Ao mesmo tempo, a profecia revela a indignação da denúncia e o clamor da esperança apontando caminhos.
A profecia é resultante da inquietude e indignação que brotam da leitura crítica da realidade. Ao mesmo tempo, a profecia revela a indignação da denúncia e o clamor da esperança apontando caminhos.
Quanto discurso ofensivo à dignidade dos povos indígenas e africanos. Quanta criminalização de movimentos e insurreições que ousaram desafiar o poder clamando por liberdade e justiça. Entre tantos, os Quilombos e as Revoluções Pernambucanas, nos séculos passados, e as vítimas das aberrações do século vinte que, ainda, perduram nesta segunda década do novo milênio.
Garantido a ferro e fogo pela Lei de Segurança Nacional, implantou-se um modelo de desenvolvimento que se caracteriza pela concentração de renda, produção volumosa de grãos, extração e exportação de riquezas minerais; com as sequelas da exclusão social, degradação ambiental, miséria e fome.
Não nos esqueçamos que a história da presença humana neste espaço do planeta, hoje demarcado pela Repúbllica Federativa do Brasil, é muito mais antiga do que uns poucos séculos. Descobertas arqueológicas demonstram que seres humanos curtiam a vida por essas bandas há mais de trinta e cinco mil anos. Entre outras indagações, ousaria mesmo perguntar se alguém acredita que Deus iria aguardar a chegada de Cabral e de Frei Henrique para se entreter com seus fllhos que por primeiro habitaram estas belezas?
No encerramento do 5º CBEU, congregado em Porto Alegre, de 8 a 11/11/11, convidei os participantes a definir sua vocação e missão empreendendo uma jornada de diálogo com os movimentos sociais e os povos do Brasil.
Iniciando-se em Porto Alegre, caminharíamos até Belém, como primeira etapa. A partir de Belém, com agenda delienada, seguiríamos percorrendo trilhas e veredas, lagos e igarapés, até a GRANDE VIGÍLIA DA NAÇÃO, na noite de 15/10/2015, para amanhecer em nossas praças em todos os recantos e rincões desse imenso Brasil, no dia 16/10/2015, Dia Mundial da Alimentação, anunciando um novo pacto social e a convocação de uma Assembléia Constituinte. Vai raiar a liberdade nos horizontes da esperança!
Naquela data esgota-se o prazo para o cumprimento do compromisso assumido pelos governantes presentes na Cúpula Mundial da Alimentação, em 1996, na cidade de Roma. "Até 2015, tudo faremos para reduzir pela metade o número de famintos no mundo". Asssim pactuaram. Na época, 800 milhões; portanto, 400 milhões. A FAO divulgou recentemente, que ultrapassamos a cifra criminosa de um bilhão de famintos.
Quais seriam as propostas da IV Conferência Nacional de Segurança Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em Salvador, de 7 a 10/11? Não quero crer que tenha sido um mero festival abrilhantado por bolhas de sabão. Nem a presidenta compareceu; assim como FHC, em 1996. Revelador o artigo transcrito no boletim da Unisinos: Quem tem medo da Dilma?
Caminhemos ... de tranco em tranco, sem perder a esperança e a alegria de viver.
Itaicí, 14 de novembro de 2011
+Mauro Morelli, bispo católico e peregrino
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