Agenda da Paz
Em 2012, mais do que nunca, o caminho da paz passa pela garantia de alimento e nutrição para cada habitante do planeta. Há muita vida, no planeta, a ser alimentada e nutrida.
Nosso planeta é coberto e revestido por um véu denominado cadeia alimentar. Se o véu for arrancado e desfeito, deixamos de ser um planeta habitado por muitas formas de vida.
De todas as manifestações de vida, a nossa seria a mais bela. Dotados de inteligência, temos a capacidade de estabelecer relações que atingem as profundezas da própria vida e mais além. Podemos vislumbrar o que há de mais profundo na intimidade do mistério da vida e da existência de cada criatura.
Quem somos nós? Uma flor pequenina no imenso jardim do cosmos! Por que não? Somos ponto de encontro do mundo visível e do mundo que não se vê com os olhos do corpo, mas com o coração.
Nestes dias medito muito e procuro discernir prioridades, estratégias e ritmos da agenda da paz. Em nosso DNA está gravada a história desse caminho, marcada por tensões e apreensões. Em volta do alimento tudo e todos se aglutinam em aliança de paz ou se arma a guerra para garantir ao menos a sobrevivência.
Em nossos dias atingimos um grau de consumo e de desperdício que nossa própria casa tornou-se pequena para atender tanta demanda e tolerar tanto esbanjamento. As coisas se agravam pela desproporção das oportunidades entre nós mesmos.
Somos sete bilhões de seres inteligentes em situações de monstruosas e terríveis desigualdades. Quase vinte por cento de nossos semelhantes se encontram abaixo da linha do necessário para viver com dignidade e esperança. Um em cada sete dos nossos companheiros definha por falta do alimento indispensável à vida saudável e inteligente.
Fome de Vida e de Paz! Com ferro em brasa foi gravada esta mensagem no mais profundo de nosso ser. Retornemos à superfície para viver como convém a seres inteligentes e famintos. Estabeleçamos as bases da aliança entre nós, pois ninguém consegue sozinho a felicidade de viver. Sem paz não há vida. Por primeiro morrem os pequeninos e os mais fracos. A guerra é sempre um tiro nos próprios pés. Demência pura. Não haverá vencedores, nem sobreviventes.
Vamos construir uma aliança que nos permita saciar a fome de vida e de paz. Não precisamos de muito e nem de tudo, mas seja garantida a cada um a porção indispensável para alimentar e nutrir o corpo, a alma e o espírito e, assim, atingir pleno desenvolvimento.
Que a família humana seja saudável, inteligente, bem humorada e criativa, a razão de nossa aliança e o lema de nossa bandeira. Fica estabelecido que nenhuma criança viva apenas uns poucos dias, mas que cada uma atingirá de forma saudável e feliz pelo menos cem anos de idade.
Vamos construir uma proposta estruturadora para fundamentar a aliança pela paz. Educação e Nutrição, desde a infância até a idade mais avançada, nosso caminho será guiado por esse binômio indissolúvel. Não há educação, sem que sejamos bem gestados, nutridos e desenvolvidos; nem nutrição, sem que nos tornemos sujeitos do nosso próprio desenvolvimento e bem estar. Portanto, educar, nutrir e cultivar!
Em todas as constituições e estatutos dos povos e de suas organizações estará gravado com letras douradas que alimento e nutrição é direito humano básico. Ultrapassando metas definidas para 2015, firmaremos uma aliança global que garanta que nenhum ser humano, de qualquer família, raça ou nação, sofrerá restrição de espécie alguma em relação a seu direito sagrado ao alimento e à nutrição.
Alimento é vida! Alimento é caminho da paz!
Dom Mauro Morelli, bispo católico e peregrino
Indaiatuba, SP, 10 de Janeiro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário