terça-feira, 4 de outubro de 2011

A UTOPIA DE FRANCISCO

A Brisa Suave roçou de leve o rosto enamorado do Trovador de Assis.
Os reflexos do poder e da riqueza foram ofuscados pelo esplendor da Luz inundando um vazio.
Deserdado do poder, do ouro e do prestígio, Francisco acorda para um mundo de poesia.
Toca com as mãos e com os lábios o que, antes, era oculto e distante, mistificado e coberto pelo véu da magia.
Sente o cheiro da terra e o perfume da natureza.
Saltando como um cabrito e balindo como cordeiro; leve como um pássaro, voa pelo espaço, acariciando o rosto da lua.
Mergulha os olhos na imensidão do firmamento, refletindo o brilho e a beleza das estrelas.
Cantando ao ritmo das águas, exulta com a sinfonia da grande orquestra da vida.
Proclama a grandeza do Criador e Pai, louvando o Senhor pelo encanto das flores e pela beleza dos olhos do mendigo.
Reveste as chagas repugnantes com o manto real do amor que transforma tudo em vida singela e livre.
Vendo templos e palácios em ruínas, percorre estradas como peregrino do Amor que não é amado e profeta de um tempo novo.
Sem amarras ou empecilhos, vê crescer, cada dia, os companheiros que transformam um pedaço de pão e um copo d´água na ceia da fraternidade, uma mesa posta no centro do Templo da Natureza e da História da Humanidade.
Não visando o lucro ou a posse do ouro, enaltece o trabalho que não faz escravos; tarefa de homens livres, buscando o pão de cada dia.
Na sua Regra de Vida, pássaro, animais e todo o ser humano, têm primazia na posse da terra e direito sagrado ao farnel de alimento.
Em pequenas fraternidades, sem senhores ou súditos, animadas por ministros, anuncia o futuro e a chegada de um novo Reino.
Paz e Bem, na simplicidade e na alegria da vida, são as luzes que iluminam a Cidade da Utopia.

+Mauro, bispo católico e peregrino
Do livro "Amanhecer do Novo"- Editora Vozes -1985
Festa de São Francisco de Assis – 04/10/2011

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